Entre os inúmeros templos do Egito, poucos podem ser comparados à monumentalidade e importância histórica do Templo de Karnak. 

Localizado na margem leste do rio Nilo, na cidade de Luxor, esse complexo arqueológico é um dos maiores do mundo e um testemunho impressionante do poder e devoção dos faraós ao longo dos séculos. 

Construído e expandido durante mais de 2.000 anos, Karnak era um dos centros religiosos mais importantes do Egito Antigo, dedicado principalmente ao deus Amon-Rá, além de abrigar espaços para outros deuses e faraós. 

Aqui, caminhamos entre colunas gigantescas, obeliscos que tocam o céu e construções imponentes que contam a história da civilização egípcia.

Sua construção teve início ainda durante o Império Médio, mas a maior parte das edificações visíveis hoje foram erguidas a partir do Novo Império, sob os reinados de faraós como Hatshepsut, Seti I, Ramsés II e Ramsés III. Cada governante adicionava algo ao complexo, seja uma nova capela, pilones (os enormes portões de entrada), obeliscos ou templos dedicados a diferentes divindades. 

E, claro, muitos faraós também usurpavam as obras de seus antecessores (sim, eles faziam isso), colocando seus nomes sobre inscrições mais antigas para reafirmar sua autoridade.

A Avenida das Esfinges e a imponente entrada

O Templo de Karnak está conectado ao Templo de Luxor por meio da Avenida das Esfinges, um caminho processional de quase 3 km de extensão. 

Diferentemente das esfinges do Templo de Luxor, que possuem corpo de leão e cabeça humana, aqui as estátuas trazem a forma de um carneiro, símbolo associado a Amon-Rá. 

Essa longa avenida cerimonial era utilizada em festivais religiosos e processões divinas, um verdadeiro espetáculo nas cerimônias de adoração.

Ao nos aproximarmos da entrada principal de Karnak, nos deparamos com as enormes muralhas de pedra que cercam o complexo. Diferentemente de outros templos egípcios, que exibem estátuas colossais em suas fachadas, a entrada de Karnak impressiona pela força e solidez de sua estrutura. A passagem é feita por meio do chamado Primeiro Pilone, uma enorme construção com duas torres retangulares, um design típico dos templos egípcios. 

As construções nunca foram finalizadas. Uma ficou com 40 e o outro com 43 metros. Mas estima-se que chegariam a incríveis 50 metros de altura.

O Grande Pátio e a estatua de Ramsés II

Ao atravessar o Primeiro Pilone, entramos no Grande Pátio, uma área espaçosa e repleta de colunas e estátuas que impressionam pelo tamanho e pelo estado de preservação. 

Logo à direita, encontramos o Recinto de Amon-Rá, que originalmente era sustentado por dez colunas em forma de papiro, mas hoje apenas uma única coluna do Quiosque de Taharqa permanece de pé, servindo como um lembrete solitário da grandiosidade deste espaço.

Caminhando pelo pátio, uma das figuras mais marcantes se impõe à nossa frente: a enorme estátua de Ramsés II, esculpida em granito. 

É difícil não se impressionar com a solidez e o olhar imponente desta escultura, que parece ainda vigiar seu templo mesmo após milhares de anos. Ao redor dessa estátua, outras esculturas colossais se somam ao conjunto monumental que compõe o Segundo Pilone, outro grande portal de entrada que nos conduz para uma das partes mais fascinantes do templo.

O Grande Salão Hipostilo: um labirinto de colunas imponentes

Se há uma parte do Templo de Karnak que simplesmente tira o fôlego, é o Grande Salão Hipostilo, uma das maiores obras da arquitetura do Egito Antigo. 

Construído por Seti I e concluído por Ramsés II, esse espaço abriga impressionantes 134 colunas gigantescas. Destas, 12 colunas centrais são ainda mais grandiosas, com aproximadamente 24 metros de altura, sustentando um teto que já não existe mais.

As colunas são maciças, decoradas com hieróglifos detalhados, cenas de batalhas e cerimônias religiosas. Caminhar por esse salão é se perder em um verdadeiro labirinto de pedra. Há momentos em que a luz do sol se infiltra delicadamente entre as colunas, criando um efeito visual espetacular. 

Nos divertimos caminhando entre essas colunas imensas, e o David achou incrível poder “se esconder” em meio a essas estruturas que pareciam infinitas.

Além da grandiosidade arquitetônica, o Grande Salão Hipostilo também guarda registros históricos valiosos. O faraó Seti I esculpiu a ala norte do salão, enquanto Ramsés II concluiu a parte sul e, não satisfeito, usurpou várias das inscrições de seu pai (sim, ele fez isso com o próprio pai) para reafirmar sua própria glória. As paredes externas retratam as batalhas de Seti I, enquanto a parede sul exibe o tratado de paz de Ramsés II com os hititas, firmado no 21º ano de seu reinado.

Os principais obeliscos e templos dentro do complexo

Além das estruturas monumentais, Karnak ainda preserva três obeliscos principais que contam parte da sua história. O Obelisco de Hatshepsut, com cerca de 29 metros de altura, é um dos destaques. 

Curiosamente, um dos faraós seguintes tentou apagá-lo do templo, erguendo paredes ao seu redor para escondê-lo – ironicamente, isso acabou ajudando a preservá-lo por séculos.

Tutmósis III: o mestre da elegância

O templo de Tutmósis III é pura elegância. Ele era um faraó superinfluente e seu templo é um labirinto de corredores e salas. As paredes são cheias de pinturas e relevos que nos mostram como era a vida no Egito Antigo, o que eles comiam, em que acreditavam e como se divertiam. 

Capela da Barca de Ramsés III

A Capela da Barca de Ramsés III é um testemunho da grandeza e devoção desse faraó. Localizada ao sul do Segundo Pilone, sua entrada é marcada por um pequeno pilone que retrata Ramsés III derrotando seus inimigos, junto de duas imponentes estátuas de seis metros de altura, esculpidas em vibrante arenito vermelho.

Quando você entra na capela, chega a um pátio cercado por estátuas osiríacas do faraó. 

As estátuas no lado oeste usam a coroa vermelha do Alto Egito, enquanto as do lado leste ostentam a coroa branca do Baixo Egito. É uma forma de simbolizar a união das Duas Terras. 

Após esse pátio, um vestíbulo com mais colunas osiríacas conduz a um pequeno Salão Hipostilo, que finalmente se abre para três capelas, onde eram guardadas as sagradas barcas cerimoniais de Karnak. Essas barcas desempenhavam um papel fundamental nos rituais religiosos: eram utilizadas para transportar as imagens divinas durante festivais e procissões.

A imensidão do Templo de Karnak

O Templo de Karnak é um dos maiores sítios arqueológicos do mundo, cobrindo uma área de mais de 2 km². Mesmo depois de já termos visitado Dendera no início do dia, exploramos boa parte do complexo, mas teríamos precisado de muito mais tempo para ver tudo. Ainda havia diversos locais fascinantes, como o Templo de Khonsu, o Lago Sagrado, a Capela de Ramsés III e o Pilone de Tutmósis III, que acabamos não conseguindo visitar com calma.

No entanto, o que torna Karnak verdadeiramente especial é a sua composição monumental. Este não é apenas um templo isolado, mas um conjunto arqueológico gigantesco, repleto de colunas, pátios, obeliscos e estátuas colossais. Estar ali é sentir-se dentro da própria história do Egito, cercado por construções que sobreviveram por milênios e nos fazem refletir sobre a capacidade extraordinária desse povo no passado.

Para quem visita Luxor, Karnak é uma experiência que não pode faltar. É um daqueles lugares que aparecem nos livros de história e documentários e, quando visitamos pessoalmente, a sensação é arrebatadora. 

E você, já sonhou em caminhar entre as colunas imensas do Templo de Karnak? Compartilhe suas experiências (ou sonhos de viagem) nos comentários! 🚀

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