Se há algo que aprendemos viajando, é que os momentos mais memoráveis às vezes acontecem nos dias menos planejados.
Era o dia de Ano Novo, e buscávamos um lugar nos arredores de Paris que estivesse aberto no feriado. Foi assim que o Château de Chantilly entrou em nosso roteiro. Além de ser um dos poucos passeios disponíveis, ele prometia arte, história e jardins espetaculares.
Pegamos um trem de Paris na Gare du Nord até Chantilly, uma pequena cidade de cerca de 10 mil habitantes, famosa por seu castelo e suas corridas de cavalos. De lá, seguimos de táxi até o château, admirando a paisagem tranquila pelo caminho.
O que não sabíamos é que o passeio de volta teria uma reviravolta inesperada… mas isso fica para o final!




A história e grandiosidade do Château de Chantilly
O Château de Chantilly é uma verdadeira obra-prima da arquitetura francesa. Construído originalmente no século XVI, foi parcialmente destruído durante a Revolução Francesa e, mais tarde, reconstruído por Henri d’Orléans, o Duque de Aumale, no século XIX.
O nome “Chantilly” vem da família de nobres que possuía a propriedade no século XIV. Ao longo dos séculos, o château passou por várias mãos, tornando-se um verdadeiro santuário de arte e cultura. Hoje, abriga um dos mais belos acervos da França – um detalhe que surpreende muita gente que pensa que só o Louvre tem tesouros inestimáveis.
Uma curiosidade sobre o nome: acredita-se que o creme chantilly tenha sido inventado no século XVII, possivelmente por François Vatel, um famoso chef de cozinha que trabalhava no Castelo de Chantilly. No entanto, não há evidências concretas que confirmem essa teoria.
O castelo é composto por dois edifícios principais: O Petit Château, a parte mais antiga, do século XVI, e o Grand Château, reconstruído no século XIX.
E não pense que a beleza está só no lado de fora. Chantilly guarda interiores riquíssimos e uma coleção de arte impressionante.




O que faz do Castelo de Chantilly um lugar especial?
Aqui não encontramos apenas belos salões. O Château de Chantilly abriga o Museu Condé, que possui a segunda maior coleção de pinturas clássicas da França, perdendo apenas para o Louvre. São obras-primas de artistas como Raphael, Ingres, Delacroix e Botticelli.
Além disso, destacam-se:
A magnífica biblioteca, com obras raríssimas e manuscritos iluminados de valor incalculável.
Os apartamentos do Duque de Aumale, um verdadeiro mergulho na vida da aristocracia.
A famosa galeria de retratos, onde podemos traçar a evolução da pintura ao longo dos séculos.
Uma dica para aproveitar melhor a visita é ir com calma e se permitir absorver os detalhes. Os tetos ornamentados, os móveis esculpidos, os afrescos nas paredes… cada canto tem algo especial.
Mas nada nos preparava para o que viria depois: os jardins.





Os belíssimos jardins: um espetáculo à parte
Se o castelo por si só impressiona, os jardins são um capítulo à parte. Projetados pelo grande André Le Nôtre (o mesmo gênio por trás dos jardins de Versalhes) eles são um exemplo perfeito da simetria e grandiosidade dos jardins à francesa.
Aqui, cada elemento é pensado para criar harmonia:
Espelhos d’água que refletem o céu, criando uma ilusão encantadora.
Labirintos e fontes que revelam surpresas pelo caminho.
Aprecie a vista da ponte que corta o canal: uma das perspectivas mais bonitas do castelo.
A influência renascentista se mistura com o paisagismo clássico francês, e caminhar por esses jardins é, sem exagero, um dos momentos mais agradáveis do passeio.








Um retorno inesperado: os perrengues que viram boas memórias
Após um dia maravilhoso explorando o castelo e seus jardins, era hora de voltar para a estação de trem.
Mas havia um pequeno problema: por ser feriado, os ônibus não estavam funcionando naquele trajeto. Pensamos então em pegar um táxi, mas surpresa… não havia táxis disponíveis.
Depois de algumas tentativas frustradas, olhamos um para o outro e tomamos uma decisão: ir andando mesmo!
A caminhada de cerca de 3,5 km até a estação, que poderia deixar muitas pessoas irritadas, para nós se tornou parte da nossa aventura.
Caminhamos pelas ruas calmas de Chantilly, observamos um lado da cidade que talvez não teríamos notado se tivéssemos ido direto de carro.
Vimos casas charmosas, ouvimos o silêncio gostoso de um primeiro dia do ano mais desacelerado. Estava fazendo 0ºC e nenhum cantiliense (é assim que são chamados os habitantes de lá) parecia se animar a sair do aconchego do lar. Literalmente, éramos praticamente só nós dois na rua.
E foi nesse simples percurso inesperado que entendemos algo que muitas vezes esquecemos: as melhores memórias de viagem nem sempre estão nos monumentos grandiosos, mas nos imprevistos que nos fazem aproveitar o destino de maneira diferente.
Quando finalmente chegamos à estação, cansados, mas satisfeitos, rimos da situação. No fim, foi o perrengue que tornou esse dia ainda mais especial. Ainda bem que os trens não estavam em ritmo de feriado e operavam normalmente.





Vale a pena visitar o Château de Chantilly?
Sem dúvida! Se você já conhece Paris e busca um passeio de um dia fora da rota mais óbvia, Chantilly é uma excelente opção para quem gosta de história, arte e natureza.
O acesso de trem a partir de Paris é muito fácil. É um dos castelos mais belos da França, bem menos lotado que Versailles, tem obras de arte incríveis, jardins deslumbrantes e uma atmosfera mais tranquila e autêntica.
E você, já pensou em incluir o Château de Chantilly no seu roteiro de viagem à Paris? Qual outro castelo você visitou e recomenda? Conte pra gente nos comentários.







