Alojado em um imponente edifício neoclássico, o Magyar Nemzeti Múzeum conta a história completa da nação húngara, desde artefatos pré-históricos até a queda do domínio soviético. Seu acervo inclui a coroa de Santo Estêvão, primeiro rei húngaro, e relíquias da revolução de 1848. O próprio edifício tem significado histórico, pois foi nas escadarias deste museu que começou o movimento revolucionário húngaro que desafiaria o domínio dos Habsburgo (que acabou com o fim do império Austro-Húngaro, ao final da Primeira Guerra Mundial, em 1918).






Cicatrizes da ocupação soviética
A exposição sobre a era soviética oferece um panorama detalhado e impactante da ocupação soviética na Hungria. Em suas galerias, encontramos uma vasta coleção de documentos históricos, fotografias em preto e branco que capturam a vida cotidiana sob o regime, e reproduções impressionantes de ambientes da época. Uma exposiçao fascinante são os cartazes expostos, de um lado, a propaganda oficial soviética exaltando o “paraíso” que era o regime. Do outro, panfletos clandestinos da resistência húngara clamando por liberdade. Este contraste ilustra perfeitamente as tensões que definiram aquele período.



Símbolos de um tempo sombrio
O museu abriga artefatos emblemáticos do período soviético que contam histórias silenciosas de opressão e resistência. Um dos objetos mais impressionantes é o monumental Brasão de armas da República Popular da Hungria, que adornava os arcos da icônica Ponte das Correntes (Széchenyi Lánchíd). Este símbolo, com sua estrela de bronze, dominava a paisagem de Budapeste durante décadas. Ao observá-lo agora, confinado entre as paredes do museu em vez de impor-se sobre a cidade, percebemos como a Hungria transformou símbolos de dominação em lições históricas, convertendo objetos de poder em peças de memória.



Reconstruindo a identidade nacional
Budapeste revela sua relação com o passado através de gestos simbólicos por toda a cidade. O museu explica como, após a queda do regime em 1989, os húngaros sistematicamente removeram os monumentos soviéticos do cenário urbano, um processo de limpeza simbólica que ilustra a determinação em reconstruir a identidade nacional. Ao invés de simplesmente destruir estas estátuas, como ocorreu em outros países, os húngaros as transferiram para o Memento Park, um museu a céu aberto nos arredores da capital. Por outro lado, optaram por deixar as antigas placas de ruas e praças, que tinham referências soviéticas, riscadas, ao lado das novas placas. Uma forma de não apagar o passado, mas usá-lo como lições para o futuro.


A bandeira perfurada: símbolo da Revolução de 1956
Foi no Museu Nacional que descobrimos o comovente significado da bandeira com um círculo recortado no meio, hasteada orgulhosamente no Parlamento Húngaro. É um símbolo da Revolução Húngara de 1956, quando manifestantes recortaram o emblema soviético do centro da bandeira nacional, criando um marcante símbolo de resistência. O buraco na bandeira representa não apenas a rejeição ao domínio soviético, mas também a esperança de liberdade que, embora sufocada em 1956, permaneceu viva até a queda do regime.

Legado histórico em pergaminho e tecido
As salas dedicadas ao patrimônio nacional exibem uma impressionante coleção de símbolos históricos que moldaram a identidade húngara através dos séculos. Bandeiras de diferentes períodos, desde o medieval até a era moderna, pendem das paredes, cada uma contando parte da evolução política do país. Manuscritos meticulosamente preservados, incluindo decretos reais e cópias de documentos constitucionais, ilustram o desenvolvimento jurídico e cultural da nação. Outro destaque são as primeiras edições de obras literárias húngaras fundamentais, que ajudaram a formar a consciência nacional em momentos cruciais da história do país.

Um tesouro renascentista
Entre as obras mais extraordinárias do museu está o túmulo de György Apafi, um aristocrata transilvano que morreu em fevereiro de 1635. Este sarcófago, considerado uma das mais magníficas sepulturas do século XVII na região, representa o auge da escultura em pedra renascentista húngara. Originalmente localizado na igreja de Almakerék (hoje Mălâncrav, na Romênia), o túmulo foi adquirido pelo Museu Nacional Húngaro em 1902. Ficamos impressionandos pelos detalhes minuciosos, incluindo entalhes elaborados e a figura reclinada de Apafi (em uma posição muito interessante), oferecendo aos visitantes um vislumbre do requinte artístico que floresceu mesmo em períodos de turbulência política.




Arsenal de glórias passadas
A seção medieval do museu transporta os visitantes para a era dos cavaleiros e das grandes batalhas que definiram as fronteiras da Europa Central. Armaduras completas, algumas pertencentes a nobres húngaros conhecidos, estão expostas ao lado de espadas ornamentadas, escudos heráldicos e outros equipamentos militares que ilustram a evolução da arte da guerra. Há também peças que mostram a influência oriental na cavalaria húngara, resultado da posição única do país entre Ocidente e Oriente.



Preservar a história para moldar o futuro
Além de guardar artefatos e relíquias do passado em suas imponentes salas, o Museu Nacional Húngaro também controi uma narrativa viva da identidade magiar. Ao caminhar por suas exposições, somos transportados através de séculos de conquistas, desafios e transformações que moldaram a Hungria como a conhecemos hoje. A experiência nos mostra a importância de preservar a história para moldar o futuro, inspirando as novas gerações a compreenderem suas raízes e a construírem um amanhã com a sabedoria do passado.
E você, já teve a oportunidade de visitar o Museu Nacional Húngaro? Conte-nos sua experiência nos comentários! Existe algum outro museu histórico no mundo que tenha te impressionado tanto quanto este, dedicados a preservar memórias de períodos conturbados? Compartilhe com a gente, estamos sempre em busca de novos destinos que contam histórias profundas sobre a jornada humana através dos séculos.








